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A Princesa da Casa

Por aqui escreve-se sobre fatos reais, rotinas diárias e histórias imaginárias!

A Princesa da Casa

Por aqui escreve-se sobre fatos reais, rotinas diárias e histórias imaginárias!

Ao ritmo do amor

30.03.14

"Não importa o que pensam, o que falam pelas nossas costas, seja mal ou bem. Caminhamos juntos, com passadas tranquilas, saboreando o momento, sentindo a aragem fria do dia e o cheiro agradável a terra molhada. Ao ritmo da nossa idade, de braço dado, como sempre o fizemos ao longo da vida, continuamos o nosso percurso, sem medo e seguindo em frente.

O caminho nem sempre foi o mais recto: cruzámos conflitos, fizemos opções, virámos várias vezes à direita, travámos batalhas, recuámos e virámos algumas vezes à esquerda, ganhámos guerras. São os momentos felizes que relembramos com saudade. Crescemos juntos e fizémos crescer o amor entre nós. Cultivámos plantas, rimos de nós próprios, criámos raízes, ajudámos os outros.

Na infância brincámos sem pensar, aproveitámos todos os instantes de felicidade. Na adolescência os minutos teimavam em não passar, arreliava-nos o incerto e as borbulhas no rosto. Fascinava-nos o proibido e a descoberta. Mas de um momento para o outro a juventude foi-se e os minutos começaram a participar em autênticas maratonas. Preservar o momento era quase impossível. Ocupava-nos a família, o trabalho, os amigos, a sociedade, os projectos, a ânsia de querer e não ter. Mas conseguíamos parar quando o ritmo era demasiado acelerado. Conseguíamos sorrir quando nem sequer havia tempo para tal. Conseguíamos olhar o outro e marcar a diferença! 

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A esperança.

16.03.14

 

Quem me dera voltar a abrir janela de outrora. Hoje, vejo os prédios cinzentos e sombrios, ouço o ruído ensurdecedor do trânsito citadino. Hoje, observo os passos apressados dos transeuntes que seguem as suas rotinas matinais, numa vida frenética e sem sentido. O ar está seco e pesado, o sol está pálido e mal encarado. Hoje, sou invadida por um medo brutal de perder aquilo que mais amo na vida, a própria, e sinto-me péssima, embriagada pelos meus próprios pensamentos. Num surto de raiva, fecho a janela e volto para o meu ninho. Sento-me na cama, olho-me ao espelho pregado na porta do roupeiro e penteio o meu cabelo louro, débil e fino. Um louro baço, que deixou de brilhar como sol. As mãos tremem, o coração palpita, estou infinitamente infeliz, mas quero pedir à vida um novo rumo. Quero! E tão depressa como a fechei, levanto-me da cama, e volto a abrir a janela. E assim como outrora, agora já vejo um céu límpido e sereno, um mar denso e azul à minha frente e avisto as montanhas, ao longe, cercadas por pequenos pedaços de algodão branco no horizonte. Agora, inspiro a tranquilidade desta vista e debruço-me para apanhar as flores que brotam nas árvores vizinhas, graças ao sol brilhante da primavera. Assim do nada, como se um véu de esperança me envolvesse, sinto-me definitivamente feliz! O meu medo tornou-se a certeza de querer viver! Tornou-se a esperança!

 

[Ficção - Life Moments]

 

Imagem by http://anamarta-anamarta.blogspot.pt/

A espera.

26.02.14

 

 

Guardarei esta espera na memória. Guardarei até que tudo acabe e o planeta deixe de ter vida. Guardarei até que a terra seque e eu, centenária, morra. Sentado, horas a fio, de olhar vago e coração solitário, o Manuel espera. Para ele, a vida já deixou de ser vivida.

Aqui mesmo, neste lugar, onde perduro, ouvi juras de amor, palavras de carinho e vi momentos de ternura. Aqui brincaram crianças, correram, treparam-me, soltaram gargalhadas. Aqui, à noite, no Verão, viam-se as estrelas, contavam-se histórias, planeavam-se os dias, confidenciavam-se sonhos e viam-se beijos, abraços e carícias. Mas, nem todos os dias eram felizes, também se viveram momentos difíceis, horas em que se tinham que tomar decisões, dias em que não era fácil olhar em frente. Foram verbalizadas palavras e tomadas atitudes que magoavam. Mas, as feridas, mais tarde ou mais cedo, saravam.

E hoje, sentado, horas a fio, frente à casa, outrora caiada de fresco, o Manuel espera. Olha o infinito, sem pensar em nada, sem desejar nada, sem planear nada. Espera como se ela um dia voltasse. Espera como se ela pudesse sair de casa e chamar por ele, a resmungar entre dentes, que o almoço já estava frio.

 

[Ficção - Life Moments]

 

* Fotografia by Alexandre Cibrão - www.acibrao.com

Então, porquê planear?

17.02.14
Há dias assim: dias em que curvo as costas, enlaço os braços à volta dos joelhos e poiso a cabeça nos cotovelos. Há dias em que desisto tudo e aceito que é o destino que controla a minha vida.
Eu tentei. Liguei, controlei tudo e todos, pedi, supliquei, fiquei até mais tarde, fiz, entreguei a horas, alertei... Mas, não correu bem. Há sempre uma variável que não consigo controlar! Há sempre alguma coisa que nos escapa e que simplesmente não depende de nós!
É difícil lidar com o erro dos outros quando nos esforçamos continuadamente para evitá-lo. É difícil lidar com o destino quando queremos apenas que tudo corra bem.
Então, porquê planear? Porquê tanta perseverança e precisão, se de um momento para o outro o plano/objectivo foge-nos das mãos...
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Minuto...

11.02.14

 

Minuto, instante rápido que passa sem darmos conta, momento imediato que marca a nossa cronologia de vida e que poucas vezes retemos na nossa memória. Mas, quando somos invadidos pela ansiedade da espera, pela busca da notícia ou pelo medo súbito da perda, sentimos esses sessenta segundos como uma fracção intemporal, demasiado longa e excessivamente meticulosa (capaz de ficar retida para sempre na nossa memória).

 [Ficção - Life Moments]

*Fotografia by http://www.morguefile.com