Ao ritmo do amor
"Não importa o que pensam, o que falam pelas nossas costas, seja mal ou bem. Caminhamos juntos, com passadas tranquilas, saboreando o momento, sentindo a aragem fria do dia e o cheiro agradável a terra molhada. Ao ritmo da nossa idade, de braço dado, como sempre o fizemos ao longo da vida, continuamos o nosso percurso, sem medo e seguindo em frente.
O caminho nem sempre foi o mais recto: cruzámos conflitos, fizemos opções, virámos várias vezes à direita, travámos batalhas, recuámos e virámos algumas vezes à esquerda, ganhámos guerras. São os momentos felizes que relembramos com saudade. Crescemos juntos e fizémos crescer o amor entre nós. Cultivámos plantas, rimos de nós próprios, criámos raízes, ajudámos os outros.
Na infância brincámos sem pensar, aproveitámos todos os instantes de felicidade. Na adolescência os minutos teimavam em não passar, arreliava-nos o incerto e as borbulhas no rosto. Fascinava-nos o proibido e a descoberta. Mas de um momento para o outro a juventude foi-se e os minutos começaram a participar em autênticas maratonas. Preservar o momento era quase impossível. Ocupava-nos a família, o trabalho, os amigos, a sociedade, os projectos, a ânsia de querer e não ter. Mas conseguíamos parar quando o ritmo era demasiado acelerado. Conseguíamos sorrir quando nem sequer havia tempo para tal. Conseguíamos olhar o outro e marcar a diferença!
Agora… os minutos são lentos outra vez. Há tempo para tudo, para passear nos lugares já vistos centenas de vezes, para relembrar e sonhar acordado com os projetos que ficaram pelo caminho, para brincar com os netos, vê-los crescer, para jogar às cartas com os velhos amigos e quem sabe, para criar novas conquistas.
Às vezes o caminho parece-nos demasiado sombrio mas há que acreditar! Em certos momentos da vida, independentemente da idade, a estrada apresenta-se sinuosa, o céu nublado, pintado com tons escuros. Mas não importa o que digam, se está mal ou vai ficar pior. Há que continuar em frente seguindo o nosso rumo ao ritmo das nossas vitórias, projectando ideias e sonhando com um mundo melhor. Um mundo onde todos possamos ser felizes de igual maneira. O passado já não nos pertence, o futuro ainda está ausente. É no presente que temos que acreditar!"
Maria João Costa em "Alicerces"
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