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A Princesa da Casa

Por aqui escreve-se sobre fatos reais, rotinas diárias e histórias imaginárias!

A Princesa da Casa

Por aqui escreve-se sobre fatos reais, rotinas diárias e histórias imaginárias!

Quero-te junto a mim!

22.04.15

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O sol estivera todo o dia tímido, escondido por de trás das nuvens, que me pareciam algodão doce. O mar estava calma, sereno na sua dimensão, e eu estava tranquila. Queria prolongar o dia, estar ali sentada, ter-te junto a mim, olhar o horizonte e não pensar em nada, mas era inevitável.

Lembras-te daquele dia em que pensamos dar um tempo? E daquele dia em que fizeste uma cena de ciúmes porque fui beber um café com o meu ex-namorado? Lembras-te de todos os momentos em que acabamos por discutir porque tu não concordavas comigo ou eu contigo? E lembras-te daquela vez em que fiquei sem bateria e não te liguei a dizer que iria chegar mais tarde? Tantas cenas, tantas discussões que me parecem agora demasiado fúteis. 

Gosto de estar contigo, sentir o teu cheiro, ouvir a tua voz, mesmo quando não falas, tranquilizas-me. É claro que nem tudo foi um conto de fadas desde que casamos, mas tivemos momentos tão bons. E lembras-te de quando saíamos até às tantas para dançar, bebíamos uns copos, e ríamos por tudo e por nada? Ou quando ficávamos juntos no sofá, a ver um filme e acabávamos por não o ver? Lembras-te de quando me pediste em casamento? E quando começamos a namorar? Recordas-te da nossa primeira vez? E das viagens que fizemos juntos? 

Projectámos sonhos, construímos uma vida a dois, mais tarde a três, e um pouco mais tarde a quatro. Agora tenho medo. Tenho receio de não te poder acompanhar nesta viagem, de ser obrigada a sair de cena, de partir sem ver crescer os nossos filhos. Tenho medo. Quero ficar aqui contigo,quero-te junto a mim, não quero pensar. 

E como se escutasses os meus pensamentos, aproximaste-me mais, afastaste-me o cabelo dos olhos, beijaste-me a testa, olhaste para mim, sorriste, e de forma tranquila, e determinante, disseste: "Vais ficar boa! Vamos sair desta, mais uma vez, juntos!

[Ficção - Life Moments]

 

* Fotografia by Alexandre Cibrão - www.acibrao.com

 

 

Soltem as palavras...

25.03.15

Não quero deixar palavras por dizer, quero soltá-las, deixá-las voar com o vento. Não importa se são palavras de dor, revolta, sofrimento ou de amor, alegria, vitória e reconhecimento. O que importa é falar no momento certo e não calar, não deixar as palavras presas aqui dentro.

Podem olhar-me com curiosidade e perguntar o porquê de tanta honestidade? Talvez seja louca, ingénua ou demasiado assertiva, mas o que eu não quero, é viver do arrependimento. Não sei o que me reserva o futuro, portanto, quero viver o hoje, agarrar o momento com ambas as mãos, e falar, dizer tudo o que sinto, posso até magoar quem me escuta, ou fazer feliz quem me ouve, o que importa é falar. Não quero deixar palavras por dizer, quero soltá-las, deixá-las voar com o vento.

"Amo-te."

"Preciso de um abraço!"

"Destesto isto!"

"Vou recomeçar"

"Quero ser feliz!"

"Beija-me, não percas tempo!"

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 [Ficção - Be HAPPY]

 

Fotografia de Annie Leibovitz

O assador de castanhas...

11.11.14

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Este cheiro outonal de castanhas assadas, esta vontade de acordar todos os dias para ir trabalhar, mantêm-me vivo. Embora não pareça, sou um privilegiado. Embora de semblante carregado, sou feliz. De todos os trabalhos que o homem possa desempenhar, este pode até ser o menos vital, mas eu sei que se não estivesse por aqui nestes dias, muitos sentiriam a minha ausência e falta delas.  É fascinante ver o sorriso de uma criança quando os pais lhe compram castanhas. É maravilhoso observar os casais de namorados, grudados, a partilharem palavras de amor e castanhas. É reconfortante perceber que aquele homem engravatado, de fato bem engomado, e com um dia atarefado, perde uns minutos a saborear castanhas. Estão a ver como é fácil tornar alguém feliz? É por isso que me sinto um privilegiado, embora carregando em mim os problemas habituais de qualquer ser humano.

Treinando a escrita [15]

* Fotografia by Alexandre Cibrão - www.acibrao.com

Os homens da noite

18.06.14

E assim de um momento para o outro, os homens da noite afastaram a escuridão profunda. Emergiram no horizonte constelações que despoletaram sorrisos até nos menos crentes. Lá em baixo, algumas pessoas com medo, espreitavam pelas janelas, outras mais aventureiras, saíram à rua, à cautela, para ver o que se passava. E o murmúrio foi crescendo, a alegria tornou-se contagiante. Os homens da noite fizeram do céu um território de luz!

Agora, quem passeia lá por baixo e olha para as estrelas não os vê, nem tão pouco imagina que lá estão, mas noite após noite eles estão ali, a iluminar o nosso caminho, a dar esperança aos nossos passos e a fazer-nos seguir pelo trajecto correcto!  

 

Fotografia by Christian Schloe Digital Artwork 

[Ficção - Life Moments]

Há quem precise mais que nós...

22.05.14

Se pudesse trocaria de vida, seria tão mais fácil ser um pombo. De certo, não perderia tempo com divagações, muito menos com lamentações. Olho-te com inveja pobre pombo, tu que vives apenas por viver, sem pensar nos porquês, ficas contente com as migalhas de pão que encontras no caminho, não te lamentas se está a chover ou está frio, não queres mais para além do que tens, nem te desiludes com os outros porque confias no teu bando. Já eu, este homem desmazelado, que em tempos foi casado, e tinha uma profissão distinta no ramo bancário, está em constante perturbação, a perguntar-se consecutivamente - porquê eu?

A mulher a quem jurei fidelidade, e cumpri - perdi-a - porque ela não cumpriu. “Já não te amo. Conheci outra pessoa”, disse ela sem um mínimo de pudor “É melhor cada um de nós seguir a sua vida”. E assim de um momento para outro tudo o que tinha de certo, tornou-se incerto. Como seguiria eu a minha vida sabendo que tudo o que tinha planeado tinha sido ultrajado. E o filho que planeamos ter? E a viagem que queríamos organizar? E as idas ao cinema à sexta-feira à noite? E os jantares inusitados? À base de calmantes e conversas com a psicoterapeuta segui a dita vida. Tu não precisas disso pombo, mas, eu precisei para continuar a dormir à mesma hora e para conseguir acordar todos os dias para ir trabalhar.

Mais tarde a dita crise tocou-me à porta. “Como sabes estamos com algumas dificuldades e temos que reduzir o quadro”, anunciou o meu chefe com o seu estilo snobe e calculista. Percebi que fazia parte da lista negra do desemprego. O meu mundo perfeito, alinhadinho, rotineiro e perfeccionista voltou a desabar, mais caixas de antidepressivos para cima da minha mesa de cabeceira, mais sessões de ajuda com a psicoterapeuta...

Em tempos, quando tudo estava no sítio certo eu era o primeiro a lamentar-me, ou porque estava a chover, ou porque o comer estava frio, ou porque as notícias que anunciavam na tv eram sempre as mesmas, agora que tudo é incerto, deixei de me lamentar, vivo um dia de cada vez, à espera de uma resposta. E gosto de vir aqui, observar o rio e imaginar a minha vida caso tivesse nascido pombo. “Experimenta”, as divagações foram quebradas por uma jovem mulher, com um aspecto mais desmazelado que o meu e a precisar nitidamente de banho.  Ela ofereceu-me metade de um cacete seco e desmiolado para atirar aos pombos. Atirou e eu segui-lhe o exemplo e de repente ficámos cercados por centenas de pombos esfomeados.  Ela riu-se com vontade, tinha um rosto bonito e atraente, e exclamou “Há quem precisa mais que nós”. Eu acenei com a cabeça e pensei que já não me sentia assim há muito tempo. 

Treinando a escrita [12]

O meu lugar é nos teus braços!

28.04.14

Eu tinha em mim todos os sonhos de uma vida, mas foram levados abruptamente por alguém que não os merecia. Agora, desde que te conheci, parece que tudo faz sentido nesta encruzilhada a que chamam vida, só o teu abraço pode derreter o meu gelo, só o teu carinho pode voltar a reunir os pedaços do meu coração quebrado, só as tuas palavras podem dar-me a esperança de acreditar que amar é possível. Já sei qual é o meu lugar no mundo, é aqui, junto a ti, nos teus braços. Já sei qual é a minha missão na vida, é reconstruí-la de novo, fazer-te feliz, mas sobretudo fazer-me feliz! Posso não ter acertado à primeira, posso ter batido contra tudo e todos à segunda, mas há sempre uma terceira tentativa to be happy!  

Treinando a escrita [11]

 

Fotografia by http://desabafo-eu.blogspot.pt/

 

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