O assador de castanhas...
Este cheiro outonal de castanhas assadas, esta vontade de acordar todos os dias para ir trabalhar, mantêm-me vivo. Embora não pareça, sou um privilegiado. Embora de semblante carregado, sou feliz. De todos os trabalhos que o homem possa desempenhar, este pode até ser o menos vital, mas eu sei que se não estivesse por aqui nestes dias, muitos sentiriam a minha ausência e falta delas. É fascinante ver o sorriso de uma criança quando os pais lhe compram castanhas. É maravilhoso observar os casais de namorados, grudados, a partilharem palavras de amor e castanhas. É reconfortante perceber que aquele homem engravatado, de fato bem engomado, e com um dia atarefado, perde uns minutos a saborear castanhas. Estão a ver como é fácil tornar alguém feliz? É por isso que me sinto um privilegiado, embora carregando em mim os problemas habituais de qualquer ser humano.
Treinando a escrita [15]
* Fotografia by Alexandre Cibrão - www.acibrao.com